segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Dica de leitura: História da História Nova por Nelson Werneck Sodré

Capa do livro

O golpe civil e militar, que alguns hoje querem seu retorno, iniciou em 1° de abril de 1964, e passou por pelo menos três fases. O professor Nelson Werneck Sodré, em História da História Nova, relata um pouco sobre a primeira fase, entre a deflagração do golpe e 1968, quando a tortura se torna uma instituição estatal. Neste primeiro período, havia ainda alguma liberdade, convivendo com o terrorismo de estado. A liberdade, cada vez mais restrita para os intelectuais é um tema constante no livro, através da trajetória do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), aonde NWS foi diretor do Departamento de História entre 1954 e 1964.


Para revelar a verdade sobre o ISEB, NWS parte do ano de 1950 e da formação do Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia e Política (IBESP), cujos membros eram quase todos pertencentes ao governo Vargas. Em 1956, o ISEB começa a funcionar, criado durante o governo Café Filho e embasado nas teorias da Comissão Econômica para a América latina e o Caribe (CEPAL).

A marca do ISEB era a heterogeneidade e sua função, criar a ideologia do desenvolvimento. Desde 1954 NWS participa, à distância, do grupo de Itatiaia, que fazia parte do IBESP. O IBESP, o Grupo de Itatiaia e o ISEB são grupos intelectuais bastante ligados, sobre os quais Sodré detalha, analisa e relaciona com o contexto político da época, marcado pela guerra fria e por fatos como a campanha pelo monopólio estatal do petróleo, ou seja, um clima político agitado. Durante toda esta obra auto- biográfica, escrita em primeira pessoa do singular, Sodré interpreta as matérias jornalísticas envolvendo os grupos de estudo acima mencionados, enfatizando as reportagens que o citavam. Um exemplo de referência midiática a Sodré foi a sua qualificação como um golpista e importante organizador do Movimento Militar Constitucionalista (MMC).

Há uma cisão no ISEB, e uma crise causada, segundo Sodré, pelo sectarismo, pelo esquerdismo. O ISEB, então, passa a ser identificado como um grupo fundamentado no marxismo, e como uma organização de Moscou que almejava controlar o governo brasileiro. Em 1° de abril de 1964 o ISEB é destruído, de modo extremamente violento.

História da História Nova mostra um panorama da perseguição da ditadura civil e militar a cultura brasileira. Este período ficou marcado por uma onda de atos contra todas as manifestações da cultura brasileira. Só ficou de fora, aqui no Rio Grande do Sul, o Movimento Tradicionalista Gaúcho, e, no Brasil, organizações como a Rede Globo.

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